Pode clicar aqui também: Link para os streamings. Texto por Pedro Dias, um grande amigo fã de Oasis e do Galo
São João del-Rei é uma cidade intrigante. Considerada uma das "cidades históricas" de Minas Gerais, é provável que, além dessa representatividade, haja algum elemento desconhecido no ar que ali se respira, pois não faz sentido o grande número de músicos talentosos e fãs de Ramones que ela abriga. E é nesse cenário que Matheus Lopes - guitarrista e vocalista que, há mais de 10 anos, divide com Tulio Panzera a autoria da maior parte da obra do Churrus, lendária banda local - criou a Captain Lopes and the Crazy Toads. Inicialmente, um projeto paralelo em que o prolífico compositor poderia lançar e tocar suas músicas que sobravam das gravações espaçadas do Churrus, a banda começou a ganhar corpo com a entrada de novos integrantes, e o resultado oferece um conjunto de músicas que, além de uma lufada de ar fresco no pesado momento atual, é muito promissor para os próximos trabalhos, com o envolvimento cada vez maior de Igor Monteiro (guitarrista e vocalista da banda punk Remédio Sem Causa), André Mendes (baterista/Sonisférico) e Tiago Trotta (baixista/Brígida Galáxia).
Com produção própria, predominantemente caseira, e fortes influências do lo-fi e powerpop do final dos anos 80 e década de 90 - Guided by Voices, Dinosaur Jr., Teenage Fanclub... - este álbum de estreia transita por várias esferas do rock alternativo ao longo de suas 11 faixas. So Red abre os trabalhos com o pé na porta, sintetizando bem a atmosfera do conjunto; enérgica, guitarrada, caprichada nas melodias vocais... a vibe que permeia Nothing About You, Where We Belong, Thousand Bees - na qual os backing vocals de Igor Monteiro entram como um instrumento no refrão - e Message to Myself.
Há também momentos mais obscuros e cadenciados, como a lisérgica e introspectiva Beetle Bug; com guitarras ébrias, sorrateiras e um vocal trêmulo e sussurrado, como uma confusão mental de embriaguez; e o belo e singelo interlúdio Maia. A sujeira lo-fi dá as caras em Chasing e Right - irmã mais velha de Bodatista, da banda-amiga Devise -, enquanto Tomorrow e Sick of It trazem guitarras mais doces e melódicas. Esta última, um exemplar perfeito de jangle pop, ecoando a beleza dos trabalhos mais antigos de bandas como Ride e Primal Scream.
Vivemos um momento em que o rock está cada vez mais marginalizado, subterrâneo. No mundo inteiro. E o Brasil é berço de bandas que não devem absolutamente nada à qualidade do que há de melhor escondido por aí, com pérolas jamais descobertas por vários entusiastas do gênero. Quanto a esta, well, I Hope You Get It.
I Hope You Get It
Gravado no Whale B Sounds Studio/El Niño Estúdio e Lab. Criativo
Mixagem e masterização de Paulo Filipe Souza, com colaboração de Bernardo Berg
Baixos gravados por Bernardo Berg/Matheus Lopes
Captain Lopes and the Crazy Toads é: Matheus Lopes (vocal/guitarra), Igor Monteiro (backing/guitarra), Tiago Trotta (baixo) e André Mendes (bateria).
Valeu pela recepção, galera! Abraço coletivo e virtual pra vcs <3
Aahh como eu tava esperando por isso!